terça-feira, julho 10, 2007


Sabe quando o avião não pode levantar por falta de teto, o tempo está fechado e o piloto não pode decolar com segurança porque não enxerga nada? Na vida também é assim. O tempo fecha para o amor. E somos incapazes de levantar nosso nível de serotonina por causa de qualquer fulano que seja.
Essa não é a pior sensação do mundo. Não dá para decolar. Vez ou outra passa um amigo que também está com o tempo fechado e a gente fica tendo uma conversa de tias. "Será que o tempo vai melhorar?". "Acho que não, quando fica cinza ali para o lado da montanha é porque teremos muitos dias de mau tempo".
Mas peraí! Será que é mau tempo mesmo? Pelo menos não vai cair uma tempestade! O dia de amanhã não vai virar uma hecatombe por causa de um telefonema que não veio. E, o mais importante, eu não vou ter os cabelos desalinhados e a cara enlouquecida se isso acontecer.
Tudo bem, dia desses o tempo melhora! Depois chega o verão, com as suas malditas tempestades. Melhor esperar tomando outro café.


domingo, fevereiro 25, 2007

Camille Claudel

Outro dia esbarrei numa crônica antiga do Caio Fernando de Abreu e ele contava que, uma vez, andando deprimido por Paris, foi parar na frente da casa de Camille Claudel. Havia uma pequena placa que dizia: existe sempre uma coisa ausente que me atormenta. E dizia Caio: Algo sempre nos falta - o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta. O final era ainda mais lindo. Quando um dia você vier a Paris, procure (a placa). E se não vier, para o seu próprio bem, guarde esse recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. E saber disso, que alguma coisa sempre falta, bem, isso já é um alívio.