Fragilidadezinha

Ela está sempre ali entre o fígado e o estômago e é assim que você gosta. Que ela fique lá, bem longe da sua vista. Internamente,torce para que um dia ela desapareça, seu sanguinho fraco, que ela lhe deixe, não perturbe, que suma. Mas a saúde dela é de ferro. Ela aparece sempre pra uma visita. Então vai alí, quebra um copo, derruba uma cadeira, derrama suco e mancha seu tapete. E quando você menos quer saber dela – nos problemas, dias de prova para estágio, dores de amor, doenças, nos dias despedaçados - é aí mesmo que ela lhe pega pela mão e lhe dá um beijinho na testa. Ainda que você raramente retribua a tanto amor e dedicação, você sabe que essa coisinha fofa é a única que vai estar com você para sempre. E até o fim.

Outro dia eu ví uma faixa na frente de uma Igreja aqui perto: culto de libertação. Ao lado dela havia uma outra faixa: progressiva de chocolate.
Eu não quero fazer a tal progressiva de chocolate (já fiz uma de supermercado e não ví nenhum resultado). O que importa mesmo é o culto de libertaçào. Fiquei imaginando como seria. E, por supuesto, imaginei que seria libertação de amores do passado. Sim, porque eu acho que não tenho traumas familiares e e também não sou viciada em bebida, cigarro, crack, maconha... Mas... como seria um culto de libertação de quem a gente quer se livrar?

"Senhor, façai com que eu não pense nunca mais nele inutilmente, que eu não gaste meu tempo pensando nas coisas que ele me dizia. Oh, Pai, me ajude a não odiar, porque o amor é amigo do ódio. Ajudai-me a não gastar o tempo olhando o orkut alheio, não me deixai cair em joguinhos perversos e livrai-me das recaídas. Amém".